Baianas – Afetividade do Carnaval

Um o recorte documental sobre a ala das baianas, que sintetizam o fundamento do Carnaval brasileiro através do bailado e do espírito de amor que une os foliões de uma comunidade.

Maternidade é afeto. E, na Terra do Samba, as tias baianas sintetizam o fundamento do Carnaval brasileiro através do bailado e do espírito de amor que une os foliões de uma comunidade. Da maternidade-raiz de suas casas, nos primórdios do último século, gestou-se o samba. Fizeram-se tias acolhedoras de negros esquecidos pela sociedade, dando eco à força de uma africanidade expressa em rodas de capoeira e de música popular.

Como verdadeiras tias-mães, juntaram com afeto os marginalizados e os filhos do preconceito, que do semba fizeram o samba como retrato do Brasil. Somos filhos dessas Tias Ciatas, Nildas, Normas, Nelcys, Rosangelas, Glorinhas, Marlenes, Docas, Vilmas da Candê, e de tantas outras matriarcas.

E maternidade também é escola. Como mães do samba, carregam em si a memória de nossa cultura. Sua conexão com a ancestralidade se faz presente no cotidiano das agremiações do samba e no cortejo da ala das baianas na passarela. Em um ou em outro, a afetividade está presente nas tradições: no preparo cuidadoso das feijoadas nas escolas, no dedicado ritual de lavagem das quadras e do sambódromo, na bênção aos sambistas, na presença marcante nas rodas de música e nos ensaios para o carnaval.

A baiana é, enfim, carnaval. Como sambistas, elas próprias celebram os dias de Momo para materializar a vitalidade de seu matriarcado por meio do canto ancestral e do bailar de saias rodadas. Sua preparação para o festejo reflete o cuidado no vestir do corpete e das anáguas, do pano de costa e dos balangandãs, da bata e do esplendor. E da liturgia nasce o coletivo de tias baianas: prontas para renovar, no desfile a adentrar a avenida, o amor pelo samba brasileiro.

Curadoria: Cesar Frezzato / @historiasdocarnaval
Texto: Renato Dutra / @historiasdocarnaval
Apoio: Priscila Wu
Realização: @historiasdocarnaval e Linha da Cultura
Fotografia:
Valéria del Cueto / carnavalerio.com
Vinícius Savergnini Martins / @historiasdocarnaval
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